01 de agosto
Parece-nos evidente que o debate acerca da interseccionalidade inaugurou um modo particular de compreensão da realidade que pode desvendar da realidade objetiva as suas múltiplas determinações e intersecções a ela inerentes. Este desvendar da realidade pode evidenciar para nós as contradições mais salientes no debate acerca dos direitos das crianças e adolescentes no que concerne ao trabalho infantil.
A chave analítica que queremos explicitar com tal reflexão corresponde a busca pelo desvendamento do trabalho infantil como expressão interseccional entre escravidão, gênero e raça. É certo que as relações sociais se apresentam de modo interseccional o que corresponde
a um desafio ainda maior de apresentar os seus formatos e intersecções provenientes acerca deste debate.
Os estudos empreendidos até aqui têm nos revelado que há uma evidente intersecção entre trabalho infantil e as mais brutais disparidades de raça, classe e gênero que atravessam a realidade social desde muito tempo. Isso significa dizer que apresentar tal intersecção, ainda que sinteticamente, neste texto, nos provoca a contribuir e repensar muitas das tendências que historicamente vem baseando as formulações teóricas a respeito do temário.
18 de julho
No mês de aniversário do Estatuto da criança e do adolescente, o ECA, afirmamos que ainda temos muito por fazer e decidimos homenagear a luta pela construção do estatuto falando de três fases importantes da trajetória da proteção social de crianças e adolescentes no Brasil até a construção do ECA e seus desafios atuais. Para defender o estatuto e lutar contra o Trabalho Infantil diante dos desafios que temos pela frente é necessário lembrar — para não esquecer — do árduo percurso que nos trouxe até aqui e que hoje somos responsáveis por defender.
02 de julho
Este artigo busca refletir sobre o trabalho infantil e ideologia a partir das reflexões de Marx e Engels em A ideologia Alemã. Por meio da análise proposta apresentamos uma série de manifestações ideológicas acerca do trabalho infantil e a colocamos sob a perspectiva marxiana buscando revelar suas contradições e contribuir com a consolidação crítica da doutrina da proteção integral de crianças e adolescentes diante do grave contexto de avanço e reprodução exacerbada do conservadorismo reacionário do governo de plantão. Neste sentido identificamos a partir da Ontologia do ser social em Marx, que as manifestações de trabalho infantil se constituem, na contemporaneidade, prioritariamente como manifestações ideológicas que coadunam com o pensamento conservador e reacionário da sociedade capitalista.